Responsabilidade Socioambiental

Fonte: www.terceirosetoronline.com.br
Meio ambiente seguro, consumo e produção sustentáveis, qualidade das relações e geração de valores para todos são palavras de ordem para o homem planetário, que busca empreender novas ações para a construção de um mundo melhor para a presente e para as futuras gerações.
Paulatinamente as pessoas foram adquirindo a consciência da responsabilidade com o ambiente em que vivem, com a qualidade de vida e com o desenvolvimento da sociedade em que se inserem, bem como estão cada vez mais cientes da necessidade de se associarem para construir um mundo melhor.
Especialmente as empresas passaram a adotar novas políticas e princípios, em reconhecimento da responsabilidade socioambiental que decorre de suas existências na sociedade. O lucro expandiu seus significados, passando a contemplar uma faceta social: o lucro social. Além do retorno material, o exercício da atividade econômica consciente passou a objetivar a promoção de bem estar social e ambiental.
Mas, o que realmente é a responsabilidade socioambiental? É comum pensar que responsabilidade socioambiental é o resultado do investimento de valores em projetos sociais e ambientais. Esta é, acertadamente, uma medida de responsabilidade, dentre muitas outras possíveis.
Responsabilidade socioambiental, portanto, é uma postura, é a adoção de práticas, ações e iniciativas em benefício da sociedade e do ambiente, visando a melhoria da qualidade de vida das pessoas e o desenvolvimento do ser humano, por meio de ações preventivas, educativas, culturais, artísticas, esportivas e assistenciais, de defesa de direitos humanos, do trabalho e do meio ambiente, de busca da justiça social e o apoio ao combate à ilegalidade.
Ter responsabilidade social implica em pensar em desenvolver-se de forma sustentável, em criar uma estratégia de desenvolvimento econômico em sintonia com as demandas e questões sociais e a utilizar, de forma consciente, os recursos disponíveis no meio ambiente, permitindo a satisfação da necessidade atual sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de atenderem suas próprias.
Uma empresa empenhada em contribuir com a sociedade e com o ambiente, assumindo sua responsabilidade social, projetando seu desenvolvimento de forma sustentável, necessariamente está integrada com práticas de governança corporativa.
Governança corporativa é, segundo ó Código das melhores práticas de governança corporativa do IBCG, o sistema pelo qual as organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre os sócios, o Conselho de Administração, a Diretoria e os órgãos de controle. As boas práticas de Governança corporativa convertem princípios em recomendações objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor da organização, facilitando seu acesso a recursos e contribuindo para sua longevidade.
Para tanto, quatro princípios são fundamentais:
Transparência: disponibilizar para as partes interessadas as informações que sejam de seus interesses, além daquelas que obrigatoriamente devem ser mostradas.
Equidade: tratamento justo de todos os envolvidos, com ética e em repudio a atitudes discriminatórias.
Prestação de contas: os agentes de governança devem prestar contas de sua atuação, assumindo as conseqüências de seus atos e omissões.
Responsabilidade corporativa: os agentes de governança devem zelar pela sustentabilidade das organizações, visando sua longevidade, incorporando considerações de ordem social e ambiental na definição dos negócios e operações.
Portanto, há três eixos de sustentação importantes para o desenvolvimento de organizações, de forma a gerar e preservar valores sociais e ambientais:
Por que praticar a responsabilidade socioambiental?
Para quem ainda não pratica a responsabilidade socioambiental, além da consciência, fator este principal, há outros motivos para que as ações de sua empresa estejam imbuídas de práticas responsáveis sociais e ambientais:
→ Especialmente as pequenas e médias empresas devem estar cientes de que agir com responsabilidade social requer mudança de práticas e não necessariamente aumento de despesas, e de que planejar o desenvolvimento sustentável e adotar boas práticas de governança é um investimento, acessível, e não um gasto.
Há um estigma de que apenas grandes empresas podem adotar medidas eficientes de responsabilidade social, o que não corresponde a uma verdade absoluta. Há diversas opções de investimento acessível a qualquer empresa ou pessoa física consciente de sua responsabilidade, conforme abordado, a seguir, neste artigo.
→ A prestação de contas internas e ao público interessado, o planejamento de ações sustentáveis de desenvolvimento, a adoção de boas práticas de governança são fatores de legitimação da empresa na sociedade. Cada vez mais o mercado e a sociedade de uma forma geral, querem informações sobre as práticas das empresas, com o fim de integrá-la em suas cadeias produtivas. Portanto, práticas como estas são fatores substanciais de inclusão das empresas.
→ Ter respeito e cuidado com o meio ambiente é demonstrar que o crescimento de sua empresa é planejado, orientado, que busca a prevenção de riscos e danos futuros para sua empresa, mas também para o meio ambiente.
→ Da mesma forma, a empresa pode se planejar para minimizar conflitos de interesse dentro de sua cadeia produtiva, especialmente conflitos judiciais, em demonstração social de respeito às leis, boa-fé e transparência nas relações.
→ Demonstrar a performance social e ambiental, os impactos de suas atividades e as medidas de prevenção e compensação de danos é um forte instrumento de divulgação e credibilidade comercial e social.
Como adotar práticas responsabilidade socioambiental?
O primeiro passo para estabelecer práticas de responsabilidade socioambiental é criar uma missão que reflita as metas e os princípios da empresa e integrá-la às práticas diárias da empresa, por meio do compartilhamento destas metas e princípios com os dirigentes e funcionários.
O passo seguinte é elaborar um código de ética, que consolide claramente valores e princípios, de modo que dirigentes e funcionários tomem decisões condizentes com as metas e valores da empresa.
Também é recomendado estabelecer uma política corporativa de responsabilidade socioambiental, avaliando as práticas da empresa em consonância com seus valores e necessidades internas e com os valores e necessidades do mercado, do governo, da sociedade e do ambientes; bem como analisando sua transparência e legitimação no mercado e suas práticas de governança.
Criação de cadeias ou redes responsáveis
É de seu pleno conhecimento o alto índice de consumo de papel e o impacto ambiental decorrente. Certamente sua empresa utiliza papel reciclado ou, ao menos, tem consciência da importância de seu uso.
Mas onde este papel reciclado é dispensado após o uso? No lixo comum?
Por que não cedê-lo a uma organização não-governamental que se dedica à reciclagem de papel, ampliando suas práticas de responsabilidade socioambiental em sua cadeia produtiva?
Com esta prática você auxiliará uma entidade não governamental, a sociedade atendida por ela e, conseqüentemente, o meio ambiente. Dessa forma, suas ações o integrarão a uma rede social responsável e, portanto, suas ações de responsabilidade socioambientais serão mais abrangentes e eficazes.
Este é apenas um exemplo simples do que pode ser feito. Com boa intenção, organização e profissionais empenhados e criativos, diversas outras ações podem ser incorporadas à sua empresa, sem custos adicionais, em prol da sociedade e do meio ambiente.
Investimento Social Privado
Investimento social privado é, conforme já destacado, uma das facetas da responsabilidade social, consistente no uso voluntário e planejado de recursos privados em projetos de interesse público.
Porém, antes de investir, é necessário planejar o tipo de investimento e dar um destino seguro a ele, afinal, como em qualquer investimento, o social privado tem riscos. Em qualquer investimento espera-se auferir lucro; no social o lucro também é esperado e medido pelo retorno social do investimento feito, ou seja, na geração de recursos necessários para a sociedade.
Um pensamento recorrente em quem pretende investir em projetos de interesse público desenvolvidos, por exemplo, por organizações não governamentais é: será que este investimento será realmente aplicado no projeto apresentado?
Incertezas sobre a aplicação do investimento no projeto socioambiental é o risco do investidor social privado. Risco este que pode ser calculado com a ajuda de especialistas na área. Cada vez mais instituições sérias promovem programas de incentivo ao investimento privado com a garantia do destino do investimento em um projeto social ou ambiental sério. É o caso da Bolsa de Valores Sociais e Ambientais, programa lançado pela Bolsa de Valores de São Paulo como uma iniciativa para levantar fundos para ONGs por meio da reprodução do ambiente de uma Bolsa de Valores.